O tema
parece simples, no entanto, se visto mais profundamente, torna-se complexo face
à enorme variedade de gastos de uma obra, tanto provenientes do custo direto
como do indireto.
Neste artigo
não vou abordar a apropriação física (quantidades executadas e consumo dos
recursos), somente a apropriação dos custos incorridos nas obras e, devido sua
abrangência, o assunto em tela foi segmentado em 4 publicações:
I) visão
gerencial do negócio;
II)
metodologia operacional;
III) análise
de dados;
IV)
apresentação de um caso real;
... sendo
esta a primeira parte.
Muitas
empresas não utilizam esse processo corretamente, contudo o pior é constatar
que muitos gestores acreditam extrair mensalmente de seus sistemas o efetivo
custo gerencial das obras. E quando enxergam os enganos, via de regra, culpam o
ERP (Enterprise Resource Planning): conjunto de sistemas integrados de
informação.
Para
esclarecer meu posicionamento, vamos antes rever os principais objetivos desse
processo (apropriação de custos):
- conhecer e monitorar os custos realizados;
- aferir o custo orçado;
- comparar cronograma financeiro previsto com realizado;
- gerar histórico para novas obras similares.
Naturalmente
o fluxo de caixa realizado é um instrumento imprescindível para o
acompanhamento de um negócio, entretanto sua visão estritamente financeira
reflete apenas a movimentação de caixa em cada período do projeto (entradas e
saídas monetárias), primordial para a área financeira da empresa.
O desempenho
de um projeto é medido economicamente, ou seja, sua análise deve focar o custo
gerado pela execução dos serviços em determinado período, até porque, no caso
das construtoras, tal produção será responsável pela remuneração da empresa no
mesmo período.
Mas então
porque muitas empresas acompanham seus negócios apenas pela movimentação
financeira?
R: Porque é
o controle mais fácil e confiável que possuem, na medida em que nenhuma entrada
ou saída do caixa é feita sem ter sido devidamente registrada e processada no
ERP, afinal qual empresa não sabe dizer exatamente quanto desembolsou em cada
mês de execução da obra?
No entanto,
o acompanhamento econômico abrange também custos gerenciais, quer sejam,
aqueles que – em geral – não geram desembolso efetivo, ainda assim ocorrem e
devem ser aplicados aos custos do negócio (p.ex.: Administração Central).
Apesar das
exceções, podemos até generalizar que, para o acompanhamento econômico da obra,
bastariam extrair do ERP os custos incorridos sob a visão do regime de
competência – na maioria dos casos, pela data de emissão dos documentos – e
pronto: já teríamos os dados para as análises gerenciais do negócio; porém
estariam tais informações completas e estruturadas no formato ideal para
compara-las ao orçamento e ao planejamento?
Para essa
resposta, é necessário verificar a compatibilidade entre o plano de contas
utilizado pelo sistema financeiro/contábil para apropriação das despesas e a
EAP (Estrutura Analítica de Projetos) do orçamento da obra, pois, em geral,
“falam línguas diferentes”.
Enfim, se a
apropriação dos gastos não for feita exatamente nas tarefas do orçamento –
ainda que em níveis superiores (etapas) – a comparação com o custo orçado
ficará prejudicada.
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