domingo, 17 de janeiro de 2016

Apropriação dos custos de obra: III) análise de dados.

Dando continuidade ao presente artigo, cuja parte I “visão gerencial do negócio” foi publicada em 07/11/2015 e parte II "metodologia operacional” em 12/11/2015, apresento a seguir a parte III, explanando acerca da análise de dados da apropriação dos custos diretos da obra sob a ótica gerencial.

A EAP (Estrutura Analítica de Projetos) determinada para o orçamento e planejamento executivos da obra é a matriz da análise de dados, na medida em que sobre ela foi previsto o custo de produção mensal e também são apropriados os custos incorridos periodicamente (regime de competência).

Portanto, a estrutura de acompanhamento do custo de uma obra deve considerar:

a) a demanda do gestor: estabelece-se quais dados serão analisados e suas prioridades, pois são relevantes não apenas os custos das etapas construtivas, mas também - no caso de condomínios - os custos por área comum e área privativa, por tipo de unidade autônoma e por outros indicadores que venham servir de comparação com demais projetos. No caso de loteamentos, o foco se dá nas etapas de infraestrutura, e também no fechamento perimetral e nas edificações comunitárias (no caso de loteamentos fechados), porém sempre rateando tais valores ponderadamente nos lotes, a fim de obter seu custo unitário.

b) a matriz de medição: considera-se a forma como serão levantadas as tarefas executadas na obra. Não se pode impor ao planejamento e ao controle um padrão de EAP utilizado para orçamentos comerciais se a contratação de empreiteiros, as medições com o cliente e outros tantos fatores possuem um formato singular de estrutura de tarefas, porquanto assim deve se pautar o orçamento executivo. Um típico exemplo são as obras horizontais, onde a métrica utilizada é a própria unidade habitacional.

c) a metodologia executiva: respeitam-se os métodos de execução estabelecidos no plano de ataque da obra, sejam de ordem cronológica, de ordem estratégica ou de ordem técnica. Por exemplo, a fundação de um condomínio vertical pode ser segmentada por cada torre a ser erguida e pela periferia, assim como as demais etapas construtivas das torres podem ser seccionadas por pavimentos.


Obs.: há que se ressaltar a necessidade de preservação da estrutura original de etapas construtivas no plano de contas das composições, pois de lá sempre poderão ser extraídas as informações tradicionais e primordiais da análise orçamentária, como, por exemplo, a área e o custo totais do revestimento das unidades habitacionais, ainda que a EAP não trate na mesma métrica.

Os níveis de gerenciamento dos custos da obra são tantos quantos aqueles utilizados no processo de orçamentação, o que não significa serem todos analisados ao mesmo tempo. Deve-se seguir a ordem hierárquica da task-tree, descendo aos níveis inferiores conforme a relevância de cada fase ou etapa da EAP.

E assim sucessivamente, chegando ao plano de contas das composições - ordenada por etapas construtivas - e, finalmente, ao plano de recursos (insumos), cuja planificação normalmente é estruturada por grupos de custo (materiais, mão de obra, equipamentos, serviços, ...) e suas segmentações.


Independentemente do uso ou não das informações do custo incorrido em todos os níveis existentes durante o acompanhamento periódico da obra, é imperativo que a corporação tenha tais dados em seu ERP, mormente para utiliza-los no encerramento da obra com o propósito medir o desempenho do orçamento, da cadeia de suprimentos e da própria apropriação, além de fornecer elementos para a AVA (Análise de Valor Agregado) e para uma análise crítica do balanço contábil daquele centro de custo ou SPE.


Na quarta e última parte deste artigo a ser publicado em breve, veremos um estudo de caso onde estarão apresentados alguns  templates de análise gerencial dos custos de obra.


continua ...


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